os prédios que comem as sombras da cidade desfazem os medos que tínhamos de voar
o tédio sentado na marquise esperando a viatura da morte passar
os dias comem a gente pela beirada
a chuva molha nossos pés
o sol que queima a folha de papel está fraco
a centelha virou pão
a madeira virou juiz
o corpo que voa da janela
já não será o mesmo ao beijar o chão duro
o tempo que passei por aqui
perdendo os espelhos de minha casa
pisando em brasas
comendo o ar
fumando os restos deste dia mal amassado
o que sobrou da vida
é isso:
dois copos vazios sobre a mesa
uma lua minguando minha noite
dois gatos me espreitando
e uma saudade infinita de ser quem eu já fui.
#poemadehora
12:18 do dia 14 de dezembro de 2017
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